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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Argonautas.


"O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...
Navegar é preciso, viver não é preciso...
O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...
Navegar é preciso, viver não é preciso...
O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...
Navegar é preciso, viver não é preciso..."

(Os Argonautas - Caetano Veloso)


"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
'Navegar é preciso;  viver não é preciso'.
  

Quero para mim o espírito desta frase,    
transformada a forma para a casar como eu sou:  Viver não é necessário;  o que é necessário é criar.   

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.   
Só quero torná-la grande,    
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
  

Só quero torná-la de toda a humanidade;    
ainda que para isso tenha de a perder como minha.   
Cada vez mais assim penso.  

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue    
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir   
para a evolução da humanidade.  

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça."

(Navegar é preciso - Fernando Pessoa)

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